Esta prática visa a provocar o grupo a refletir e discutir sobre a influência da cultura familiar e local na perspectiva de vida dos cidadãos. A partir de discussões sobre o conceito de cultura, e sobre a cultura valorizada pela escola os participantes discutirão de que modo a escola pode influenciar positivamente a vida dos estudantes para que eles tenham oportunidade de romper com ciclos de vida geracionais, de forma que a educação amplie as possibilidades de acesso a outros espaços que os impulsione a ter perspectivas distintas daquelas pertencentes ao meio de que ele faz parte.
Comunidade Educativa
Gestores Escolares
Gestão
Rede Municipal de São Francisco do Conde
Autoconhecimento e autocuidado, Empatia e cooperação, Responsabilidade e Cidadania
Ideia
Juvenal Eugênio de Queiroz; Maria da Conceição Carvalho Cunha; Creche e Escola Menino Jesus; Arlete Magalhães e Antonína Olímpia
Tempo de duração: 4 horas
Momento introdutório: Sensibilização
1º Encontro: Diálogos reflexivos nas unidades
2º Encontro: Escuta sensível
Momento de sensibilização (10 minutos):
Num primeiro momento, ler o trecho do poema de João Cabral de Melo Neto: “Morte e vida Severina” cuja estrofe é ” O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI” para os participantes e perguntar ao grupo quais os sentimentos que surgem da audição do texto. O mediador pode conduzir de modo que os participantes tenham a oportunidade de traçar paralelos entre o poema e a comunidade em que a escola está inserida.
1º Encontro: Diálogos reflexivos nas unidades (1 hora)
Recepcionar os participantes e acolher no espaço destinado à exibição do curta-metragem. Na medida do possível, cuide para que o espaço esteja confortável para que eles possam se sentar em círculos. Entregue a eles uma filipeta e uma caneta. Avise os participantes que eles assistirão a um curta-metragem. Fale o nome do filme: Vida Maria. Aproveite para perguntar se alguém conhece, se eles sabem do que o filme trata. Diga que é um curta de animação. Peça aos estudantes para que eles formulem hipóteses sobre a animação: do que eles acham que o curta vai falar, por que o filme se chama Vida Maria e não Vida de Maria, entre outras perguntas que você. mediador (a) julgar conveniente ao momento. Antes da exibição do filme, peça aos participantes que pensem sobre o que é cultura. Peça a eles que pensem individualmente por cinco minutos. Peça que eles formulem uma frase para explicar, mas que essa frase não é para ser dita, é para ser escrita na filipeta. Se julgar conveniente, elabore um painel com a frase: Cultura é…. Depois dos participantes terem pensado por cinco minutos, peça que se reúnam em grupos de quatro pessoas, podem estar de pé, e levem a filipeta escrita por eles. Peça que discutam sobre o que cada um pensou sobre o que é cultura e ao final escrevam, com as próprias palavras, numa folha de papel do grupo o que seria cultura. Peça para que colem no mural. O importante é que o conceito emane do grupo e não de uma pesquisa. Destaque isso aos participantes. Depois disso, leia em voz alta, ou peça a alguns para ler e socializar o que é o conceito de cultura que apareceu nos diferentes grupos. Não faça nenhuma correção ou intervenção. O importante é esse resgate dos conhecimentos prévios. Antes da exibição do filme, combine com os comportamentos que eles julgam adequados ter no momento de exibição, para evitar uso de celular durante a exibição, barulhos e saídas desnecessárias. Inicie a exibição. Observe o comportamento dos participantes, utilize a pedagogia da presença: esteja atento aos seus olhares, às suas emoções. Tenha uma presença pedagógica no momento parta captar o que eles estão sentindo, sobretudo as mulheres. Ao final da exibição, disponha-os de modo a formar um círculo para favorecer o debate. Você pode começar perguntando o que eles acharam do filme de modo geral: se gostaram, se não gostaram, o que pensaram. Deixe num primeiro momento as falas serem mais fluídas, mas garanta que todos possam se expressar sem que haja uma concentração de fala. Organize o grupo para que respeitem os turnos de fala. Após esse momento mais livre, retome a pergunta sobre o que é cultura. Apresente para o grupo a seguinte afirmação: “o homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado, ele é o herdeiro de um grande processo acumulativo que reflete o conhecimento e a experiência adquiridas pelas numerosas gerações que o antecederam” (LARAIA, 2001, p. 45). Questione o grupo de que modo essa afirmação se materializa na obra. Após algumas fala, traga outra afirmação: Segundo Cavalli-Sforza at al. (1982), existem três rotas principais de transmissão cultural: vertical, horizontal e oblíqua. A vertical é a passagem de informações de pai para filho, de uma geração para a seguinte, a exemplo do curta. A horizontal abrange todos os outros percursos entre indivíduos não aparentados, entre membros da mesma geração. Ainda há a oblíqua quando se dá entre não parentes de gerações diferentes, como por exemplo os conhecimentos adquiridos por meio da educação formal, ou sistematizada transmitida pela escola, por exemplo. Organize o debate de acordo com as falas trazidas pelos participantes. De modo geral, seria importante cuidar para que alguns aspectos não deixem de ser debatidos: (i) o fato de que a cultura transmitida pela rota vertical exerce forte influência na vida do indivíduo. Isso é retratado por exemplo pelas cercas presentes no cenário, de modo que a personagem não parece ter tido muito contato com o mundo para fora dessas cercas, tendo como modelos aqueles que a cercam. (ii) Apesar de o curta retratar a vida do sertanejo, seria importante traçar um paralelo com o universo das grandes cidades que embora não tenham os mesmos modos de vida no campo, os espaços periféricos estão à margem das oportunidades sociais, também condicionando muitos jovens à perpetuação do modo de vida de seus pais, abandonando a escola e dedicando-se aos ofícios que os remunere para que possam “ganhar a vida”. (iii) Importante, se oportuno, uma discussão sobre gênero. No curta, os homens são retratados chegando ou saindo dos cenários enquanto as mulheres permanecem no ambiente doméstico, meio que como uma figura sacralizada “benção, mãe”, importante naquele ambiente, mas que permanece ali por gerações. Todos esses aspectos podem ser debatidos com os participantes de modo que sejam estabelecidas relações entre as diferentes formas de transmissão cultural e qual a influência dela na imobilidade ou estagnação social.
2º Encontro: Escuta sensível (1 hora)
No segundo momento, os participantes assisitirão a um trecho do documentário “Nunca me sonharam” especificamente no trecho em que um dos participantes fala que os pais nunca o sonharam um arquiteto, um professor, etc. Após a exibição desse trecho, peça aos participantes que discutam em grupos a relação entre o curta “Vida Maria” e o documentário ” Nunca me sonharam”. Algumas questões podem fomentar as discussões: (i) De que modo o contexto social dos indivíduos retratados no curta “fictício” e os retratados no DOC, não-ficcional, determina a permanência desses indivíduos no meio social em que eles estão? (ii) De que modo a herança cultural dos colonizados brasileiros exercem influência no modo de vida dos sertanejos retratados em ambas as produções? Após a socialização das discussões, organize o grupo a formular de que modo a escola pode influenciar positivamente a vida dos estudantes para que eles tenham oportunidade de romper com ciclos de vida geracionais de forma que a educação amplie as possibilidades de acesso a outros espaços que os impulsione a ter perspectivas distintas daquelas pertencentes ao meio de que ele faz parte. A depender do grupo participante e da época em que essa oficina pode ser realizada, a discussão pode ganhar outros vieses, como por exemplo: o capital cultural valorizado pela escola, por exemplo.
Computador e Datashow
PPT de apoio:
Avisos, cartazes e convites, cópia do poema aos participantes.
Curta metragem: Vida Maria
Filipetas
Painel de TNT
Data Show
Apresentação em power point ou em flip-chart
material de papelaria aos participantes
Documentário “Nunca me sonharam”.
Cópias de avaliações para o grupo
Avaliação do processo: Finalize a oficina com um mural para que os participantes tenham a oportunidade de socializar quais foram as aprendizagens desencadeadas a partir do estudo e de que modo eles pretendem aplicar os conhecimentos alí construídos na sua prática na escola.
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